sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sexta-Feira 25.09



As Luzes de um Verão (Tran Anh Hung, 2000 – Vietnã/França/Alemanha) - 62

O primeiro plano de As Luzes de um Verão é repetido mais algumas vezes ao longo da história: Irmão e Irmã acordando ao som de ‘Coney Island Baby’ do Lou Reed (na primeira vez ao som de ‘Pale Blue Eyes’ do Velvet). A cena é belíssima e explica bem a o filme: agradável, embora falho em sua narrativa.
É inevitável não se impressionar com a beleza estética, os ambientes, a inúmeras cenas não contemplativas. Tudo muito lindo. Porém, o filme peca no rumo de seus personagens dentro daquele universo de relações humanas e afetivas.
Há um ponto inicial: A reunião dos irmãos para celebrar a memória da mãe falecida, daí em diante, a narrativa vai ficando há cada dialogo mais convencional e todo aquele mistério inicial – como da conversa dos maridos sobre as fotografias – se dissipa.
Mesmo com tantas limitações no roteiro, Tran Anh Hung fez o favor de me entreter “audiovisualmente” ao longo de quase toda projeção.





Barba Azul (Catherine Breillat, 2009 – França) – 28

A sinopse de Barba Azul me pareceu minimamente tentadora. Estava errado.
O filme inicia narrando a história de Marie-Catherine e Anne, duas irmãs que são expulsas do internato, por não se adequarem as regras (confesso que não lembro o porquê, mas não imagino que isso irá alterar tanto no rumo da história). Retornando para casa, onde sua mãe as aguarda, com a triste notícia do falecimento do patriarca. Conseqüentemente, o fim da estabilidade financeira da família.
No caminho para casa, há um diálogo que evidencia o caráter pretensioso de Marie-Catherine e onde se comenta a existência do personagem-chave, Barba Azul, que logo irá se casar com ela. Mais tarde, uma história paralela é apresentada: duas irmãs, na década de 50, lêem a história do Barba Azul.
Partindo desse pressuposto, Breillat narra um conto de fadas a sua maneira, mas não há nenhum mérito em suas escolhas. As histórias paralelas não fazem o menor sentido, inclusive a história dos anos 50 vai ganhando contornos patéticos, onde as crianças discutem assunto “modernos” para a época como “pedofilia” e “homossexualismo” de uma maneira a cativar o público, mas sem dar nenhum suporte a história principal.
A direção é mais um aspecto confuso. As opções por planos fixos criam uma atmosfera especial, sugerindo recontar a história da maneira mais cinematograficamente próxima de um conto da fada (como a carruagem passando pela floresta diante dos raios de sol, ou o close na personagem debruçada sobre a árvore fazendo olhares característicos). Em algum momento pensei que poderia ser uma homenagem ao Sergei Parajanov, fazendo uma releitura mítica com um caráter cinematográfico bem definido, como A Cor da Romã (no caso recontando a arte sacra).
Logo, percebe-se que boa parte dos planos em movimentos deturpam essa teoria e fazem o filme se torna comum.
Barba Azul é um conto de fadas clássico (do qual eu não conheço em detalhes), mas nessa adaptação, soa como um manifesto feminista. O plano final define bem a intenção: sua tentativa de ‘chocar’, só o torna mais grotesco e banal.

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